Teixeira de Pascoaes ou a Arte de ser português



            
                 
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 Chamavam-lhe saudosista, mas Pascoaes era   só um apaixonado com uma melancolia metafísica. Amava Portugal, a sua Geografia, a sua História, e escrevia-lhe cartas de emocionado amor em forma de Poesia, de Prosa  ou de Teatro. Teixeira de Pascoaes deixou uma marca na Literatura portuguesa profunda, influenciando gerações de escritores no século XX.
Nascido em 8 de Novembro de 1877, em Amarante, numa família aristocrática com uma forte tradição jurídica, vai estudar Direito em Coimbra, onde se licencia. Começa a trabalhar como advogado, em Amarante e no Porto e, posteriormente, torna-se Juiz  Mas o seu pendor filosófico e desejo de se expressar através da escrita,  vence as obrigações do jurista – ele próprio escreve que entre “ o poeta natural e o bacharel à força, ia começar um duelo que durou dez anos, tantos como o cerco de Tróia e a formatura de João de Deus”.
No universo literário de Pascoaes,  a natureza tem um papel demiúrgico – os seus livros de poemas como “Mâranus”, “ Regresso ao Paraíso” ou “ Elegia do amor”, revelam-nos o poeta que canta a beleza da Serra do Marão, e a osmose panteísta  entre a natureza e o  homem. Além da poesia, Pascoaes notabiliza-se no Teatro com a peça “ Jesus Cristo”, em colaboração com  Raul Brandão, e sobretudo com uma galeria de  magníficas biografias  romanceadas como “ São Paulo”, “ Camilo Castelo Branco, o penitente”, “ Napoleão” ou “ Santo Agostinho”.
Também é um escritor que está na vanguarda dos grandes movimentos literários do seu tempo. É fundador da Renascença, ao lado de António Sérgio e Raul Proença, e da Revista “ Águia” junto com Jaime Cortesão e Leonardo Coimbra.
Provavelmente, a maior herança que nos legou Teixeira de Pascoaes – que morreu em 1952 – esteja contida nesse tesouro literário que é outra obra sua “ A Arte de ser português”. Uma declaração de amor incondicional a Portugal, à Pátria que defendia vibrantemente, sem concessões, numa saudade infinita e bela.  

R. Marques